Estanho

Posted on 06:36


Há palavras que ficaram presas entre as montanhas de Minas, separadas que foram de suas origens lusitanas por conta da exaustão da mineração no final do século XVIII.  Com o esgotamento dos filões, diante da técnica então existente, os exploradores se foram. Com eles, a pujança econômica. Quem não conseguiu ir embora ficou. E, com toda aquela gente, ancorou também o palavreado.

Muitas expressões tipicamente mineiras são corruptelas de um português castiço que se esfregou na poeira daqui. Há coisas engraçadíssimas, tais como "cuspido e escarrado" que, embora tenha lá sua lógica "perdigótica", é variante de "esculpido em carrara". Carrara? O famoso mármore italiano.

Palavras? Há. Em demasia. Como estanhar, que a gente diz istãnhá. Verbo derivado do estanho, metal conhecido desde os primórdios da humanidade. Istãnhá, para nós, é espalhar, disseminar, como o próprio povo mineiro por esse mundo de Deus. E se espalha por conta da similaridade com a fundição do estanho que, derretido, é despejado nas formas, semeando prateamentos para todos os lados.

Estanhar é verbo de soldador, já que estanho e chumbo combinam bem para vedamentos. Por semelhança com "estranhar" também há quem fique istãnhádd, ou seja, irritadíssimo com alguma coisa. Deve ser porque a solda não deu certo... Êita nóis!

Na década de 60 (1960), o estanho ressurgiu com força em São João del Rey, por conta da influência de um antiquário inglês que morou lá, Mr. John Sommer. Vale a pena uma visita à cidade e ao Museu do Estanho de São João del Rey. Vái, sô! Pruvêita!
...
A bela foto do conjunto arquitetônico de S. João Del Rey veio do blog: http://www.cultura.saojoaodelrei.mg.gov.br/?Pagina=patrimonio_historico

0 Response to "Estanho"

Postar um comentário