Estou na BIENAL DO LIVRO DE MINAS
De 14 a 23 de maio de 2010
É só me procurar para um bate-papo bem gôstôzim.
Espero vocês no espaço da Livraria Leitura.
- Êita qui íss'é um trem bão dimáis da cõnta, sô!
Cidade pequena demais. Uma avenida. Ruas laterais. Casinhas.
Veio o carro, placa de cidade grande. E, de repente, bam!, a trombada se deu no meio do cruzamento.
- A preferência é minha, meu senhor...
- Sua? Iêu diríj'aqui fáis trinta ann'u! Ôcê chêgô agurinha mêzz i já qué a preferênça?
Ôi? É interjeição de chamamento, uai. É que, em Minas, a gente bota circunflexão nas coisas...
O "oi", mineiro, é carregado de emoção. Do mesmo modo que o tcháu, que é uma interjeição "despeditória". Por aqui a gente diz: - Tcháu prôcê, víu? E não para outro. O tal "tcháu" é para certo alguém bem específico.
Só que nosso ôi tem outro significado: ôi é olho. E aí vem uma série infinita de coisas que caem no olho. A gente se lembrou disso por conta da contusão "olhífera" do baby-craque do Santos, o Neymar, neste domingo, durante o jogo contra o Santo André, pela decisão do campeonato paulista de 2010.
Dor nuzói é fogo! E é preciso abríuôi cácôiza... Tem gente que córr'uôi, só para ver se tudo está funcionando direito. Um tempo infinitesimal? Um piscádiôi...
Foi lembrar de tanto olho e me deparo com a constatação de que não há nada mais cruel do que uma criança. Meninos são bichos tinhosos e danados. Caboclo albino? Sarará. Barátadiscascáda. E por aí vai. É que a ideia do politicamente correto ainda não os alcançou. Então, aprende-se em criança a ironizar os que apresentam quaisquer deficiências. O problema é que, algumas vezes, o sujeito envelhece e nem o tempo corrige.
O Jão, coitado, sofreu quinem suvácc djálêjádd por causa de sua miopia. Usava um "oclão". Um zóc. Hm? Zóc, sô! Daí, quatuôi.
Infância de descobrir ninhos de pássaros quase não existe mais. Uma pena, até mesmo nesses Gerais sem fim e sem começo em que se vive.
Engole-vento, noitibó, bacurau, curiã, joão-corta-pau (talvez seu apelido mais engraçado): esse passarim amarronzado, castanho, camuflado feito um soldado, é ave migratória que vem de longe, dizem.
Determinadíssima, a fêmea do curiango não faz ninho: bota os ovos em campo aberto e os choca sozinha. E os pais se revezam na "tomação de conta" da "filhotagem". O curiango talvez tenha inspirado feministas, nunca se sabe...
Dicionário fechado é coisa triste. De modo que me abri para dizer que qualquer passarim na gaiola é maldade. Ou talvez fazer poesia; quem sabe um aiquase:
"Tempo de passarim
é alma de menino
brincando
de riscar o céu."