Na Bienal de Belo Horizonte!!

Posted on 08:35

 

Estou na BIENAL DO LIVRO DE MINAS
De 14 a 23 de maio de 2010
É só me procurar para um bate-papo bem gôstôzim.
Espero vocês no espaço da Livraria Leitura.
- Êita qui íss'é um trem bão dimáis da cõnta, sô!

Cidades pequenas

Posted on 08:50


Cidade pequena demais. Uma avenida. Ruas laterais. Casinhas.

Veio o carro, placa de cidade grande. E, de repente, bam!, a trombada se deu no meio do cruzamento.

- A preferência é minha, meu senhor...

- Sua? Iêu diríj'aqui fáis trinta ann'u! Ôcê chêgô agurinha mêzz i já qué a preferênça?

Cartaz

Posted on 08:13


Com vocês: Pipocas, o livro! O Grande Dicionário de Mineirês. Brevemente em todas as paradas de sucesso.

É, Zeca, você criou um verdadeiro monstro!! Meus agradecimentos à Olímpia, pela idéia acentuadíssima!

Abração, mêu fí!


Viu qui pôstch mais "exclamatizado"?

Ôi

Posted on 10:13


Ôi? É interjeição de chamamento, uai. É que, em Minas, a gente bota circunflexão nas coisas...

O "oi", mineiro, é carregado de emoção. Do mesmo modo que o tcháu, que é uma interjeição "despeditória". Por aqui a gente diz: - Tcháu prôcê, víu? E não para outro. O tal "tcháu" é para certo alguém bem específico.

Só que nosso ôi tem outro significado: ôi é olho. E aí vem uma série infinita de coisas que caem no olho. A gente se lembrou disso por conta da contusão "olhífera" do baby-craque do Santos, o Neymar, neste domingo, durante o jogo contra o Santo André, pela decisão do campeonato paulista de 2010.

Dor nuzói é fogo! E é preciso abríuôi cácôiza... Tem gente que córr'uôi, só para ver se tudo está funcionando direito. Um tempo infinitesimal? Um piscádiôi...

Foi lembrar de tanto olho e me deparo com a constatação de que não há nada mais cruel do que uma criança. Meninos são bichos tinhosos e danados. Caboclo albino? Sarará. Barátadiscascáda. E por aí vai. É que a ideia do politicamente correto ainda não os alcançou. Então, aprende-se em criança a ironizar os que apresentam quaisquer deficiências. O problema é que, algumas vezes, o sujeito envelhece e nem o tempo corrige.

O Jão, coitado, sofreu quinem suvácc djálêjádd por causa de sua miopia. Usava um "oclão". Um zóc. Hm? Zóc, sô! Daí, quatuôi.

Curiango

Posted on 06:07


Infância de descobrir ninhos de pássaros quase não existe mais. Uma pena, até mesmo nesses Gerais sem fim e sem começo em que se vive.

Engole-vento, noitibó, bacurau, curiã, joão-corta-pau (talvez seu apelido mais engraçado): esse passarim amarronzado, castanho, camuflado feito um soldado, é ave migratória que vem de longe, dizem.

Determinadíssima, a fêmea do curiango não faz ninho: bota os ovos em campo aberto e os choca sozinha. E os pais se revezam na "tomação de conta" da "filhotagem". O curiango talvez tenha inspirado feministas, nunca se sabe...

Dicionário fechado é coisa triste. De modo que me abri para dizer que qualquer passarim na gaiola é maldade. Ou talvez fazer poesia; quem sabe um aiquase: 

"Tempo de passarim 
é alma de menino  
brincando
de riscar o céu."

Pira

Posted on 07:52


Mineirês? Todo mundo adora. É verdade! Faz tempo que gostar de Minas está na moda. Elis Regina, por exemplo, uma das maiores cantoras que o Brasil já teve, gostava de cantar as músicas do genial Milton Nascimento. E uma porção de outras belezas sonoras que há por aí para se ouvir. Até que, muito antes da hora, ela resolveu dar no pira...

O pira? "Dar no pira" ou "dar o pira" é cair fora, vem do verbo pirar, que tem origem obscura (etimologia é assim mesmo, tem hora que a gente nem sabe de onde vem a palavra...). É um verbo perfeito para a voz maravilhosa de Elis.

Em que música? Bom, ela cantava assim, ó:
(...) tôddu mundu siadimíra
da rizáda qui a Têrêzinhadêu
quidêu nupíra
ificôsem náda tê di sêu...
E há quem pergunte: - QuiDircêu?

A gente? A gente rí!! Ráaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

...

A música é de Baden Powell e Paulo César Pinheiro - Vou Deitar e Rolar.

Embondo

Posted on 10:11

Durante o programa Brasil das Gerais um telespectador perguntou sobre a palavra embondo. Aí, um amigo disse assim:

- Cacêi um trem pá ti dá. Már num achêi nem um imbõndim...

Ele falou e ninguém entendeu. Qual imbõndim? Que diabo é esse trem?

Pôizintão! Embondo já foi utilizado por Guimarães Rosa com o sentido de embaraço, dificuldade:
"E depois, esses espanhóis são gente boa, já me compraram o carro grande, os bezerros (...). Não quero saber de embondo." Guimarães Rosa, "A volta do marido pródigo", in Sagarana.
Embondo tem origem controversa. Dizem que vem do banto, lá da África. É que o embondeiro é o baobá, árvore africana por excelência. E a dificuldade? Deve ser trazer um baobá no navio. Vá-se saber...

Só que outra assertiva para embondo é o de presente. Uma besteirinha qualquer que se dê a alguém, só para não passar de liso, em branco, de mãos vazias numêi duzôtt.

Continua a dificuldade. Que deve estar em explicar ao aniversariante o danado do prezentim.