Cartaz

Posted on 08:13


Com vocês: Pipocas, o livro! O Grande Dicionário de Mineirês. Brevemente em todas as paradas de sucesso.

É, Zeca, você criou um verdadeiro monstro!! Meus agradecimentos à Olímpia, pela idéia acentuadíssima!

Abração, mêu fí!


Viu qui pôstch mais "exclamatizado"?

Ôi

Posted on 10:13


Ôi? É interjeição de chamamento, uai. É que, em Minas, a gente bota circunflexão nas coisas...

O "oi", mineiro, é carregado de emoção. Do mesmo modo que o tcháu, que é uma interjeição "despeditória". Por aqui a gente diz: - Tcháu prôcê, víu? E não para outro. O tal "tcháu" é para certo alguém bem específico.

Só que nosso ôi tem outro significado: ôi é olho. E aí vem uma série infinita de coisas que caem no olho. A gente se lembrou disso por conta da contusão "olhífera" do baby-craque do Santos, o Neymar, neste domingo, durante o jogo contra o Santo André, pela decisão do campeonato paulista de 2010.

Dor nuzói é fogo! E é preciso abríuôi cácôiza... Tem gente que córr'uôi, só para ver se tudo está funcionando direito. Um tempo infinitesimal? Um piscádiôi...

Foi lembrar de tanto olho e me deparo com a constatação de que não há nada mais cruel do que uma criança. Meninos são bichos tinhosos e danados. Caboclo albino? Sarará. Barátadiscascáda. E por aí vai. É que a ideia do politicamente correto ainda não os alcançou. Então, aprende-se em criança a ironizar os que apresentam quaisquer deficiências. O problema é que, algumas vezes, o sujeito envelhece e nem o tempo corrige.

O Jão, coitado, sofreu quinem suvácc djálêjádd por causa de sua miopia. Usava um "oclão". Um zóc. Hm? Zóc, sô! Daí, quatuôi.

Curiango

Posted on 06:07


Infância de descobrir ninhos de pássaros quase não existe mais. Uma pena, até mesmo nesses Gerais sem fim e sem começo em que se vive.

Engole-vento, noitibó, bacurau, curiã, joão-corta-pau (talvez seu apelido mais engraçado): esse passarim amarronzado, castanho, camuflado feito um soldado, é ave migratória que vem de longe, dizem.

Determinadíssima, a fêmea do curiango não faz ninho: bota os ovos em campo aberto e os choca sozinha. E os pais se revezam na "tomação de conta" da "filhotagem". O curiango talvez tenha inspirado feministas, nunca se sabe...

Dicionário fechado é coisa triste. De modo que me abri para dizer que qualquer passarim na gaiola é maldade. Ou talvez fazer poesia; quem sabe um aiquase: 

"Tempo de passarim 
é alma de menino  
brincando
de riscar o céu."

Pira

Posted on 07:52


Mineirês? Todo mundo adora. É verdade! Faz tempo que gostar de Minas está na moda. Elis Regina, por exemplo, uma das maiores cantoras que o Brasil já teve, gostava de cantar as músicas do genial Milton Nascimento. E uma porção de outras belezas sonoras que há por aí para se ouvir. Até que, muito antes da hora, ela resolveu dar no pira...

O pira? "Dar no pira" ou "dar o pira" é cair fora, vem do verbo pirar, que tem origem obscura (etimologia é assim mesmo, tem hora que a gente nem sabe de onde vem a palavra...). É um verbo perfeito para a voz maravilhosa de Elis.

Em que música? Bom, ela cantava assim, ó:
(...) tôddu mundu siadimíra
da rizáda qui a Têrêzinhadêu
quidêu nupíra
ificôsem náda tê di sêu...
E há quem pergunte: - QuiDircêu?

A gente? A gente rí!! Ráaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

...

A música é de Baden Powell e Paulo César Pinheiro - Vou Deitar e Rolar.

Embondo

Posted on 10:11

Durante o programa Brasil das Gerais um telespectador perguntou sobre a palavra embondo. Aí, um amigo disse assim:

- Cacêi um trem pá ti dá. Már num achêi nem um imbõndim...

Ele falou e ninguém entendeu. Qual imbõndim? Que diabo é esse trem?

Pôizintão! Embondo já foi utilizado por Guimarães Rosa com o sentido de embaraço, dificuldade:
"E depois, esses espanhóis são gente boa, já me compraram o carro grande, os bezerros (...). Não quero saber de embondo." Guimarães Rosa, "A volta do marido pródigo", in Sagarana.
Embondo tem origem controversa. Dizem que vem do banto, lá da África. É que o embondeiro é o baobá, árvore africana por excelência. E a dificuldade? Deve ser trazer um baobá no navio. Vá-se saber...

Só que outra assertiva para embondo é o de presente. Uma besteirinha qualquer que se dê a alguém, só para não passar de liso, em branco, de mãos vazias numêi duzôtt.

Continua a dificuldade. Que deve estar em explicar ao aniversariante o danado do prezentim.

Agradecendo

Posted on 09:54


Nossos agradecimentos à equipe do programa Brasil das Gerais, em especial a esta carismática apresentadora, Roberta Zampetti, pela acolhida e pela atenção que nos foram dispensadas na sexta-feira, dia 16 de abril.

Agradecimentos também à professora Sônia Queiróz, que fez um belo bate-bola com o Jãozim.

Aos espectadores nosso cordial abraço.

Brigádd cêis túdd, gentch!!

Brasil das Gerais

Posted on 04:33



Estaremos no programa Brasil das Gerais, comandado pela belíssima Roberta Zampetti, na Rede Minas, hoje, 19h, ao vivo!

Mineirês

sexta-feira16/04/10 às 19 horas

Cada mineiro, de cada região, tem jeitinho próprio de falar, tem expressões próprias. É o famoso mineirês, tão valorizado por Guimarães Rosa. Não é à toa que tanto se diz que Minas são muitas.
Um dicionário só com palavras e expressões mineiras e muitos pequenos causos registra e valoriza a tradição oral. Um assunto super interessante. Quer ampliar os seus conhecimentos sobre os vários jeitos de falar de Minas? Saber como e porque surgiram?

Dúvida?

Posted on 11:21


Dizem que os mineiros têm resposta para todas as coisas. Quero crer que isto seja verdade. Sabe por quê? É que há por aqui uma gente muito simples. Sem complicações de quaisquer naturezas. 

Como é que se faz? O pessoal usa algumas palavras que salvam tudo na hór'agá, palavras que são como que"conjuminações geraisanas", em geral redutoras e finalizantes. Expressões também, ora essa. Como, por exemplo, como é, que se torna... . E pronto. Não é simples?

Mineiro, quando não sabe do que se trata, não se aperta. Dijêittninhúm! Usa um "méquichãma" e está tudo resolvido.

Se o problema for grande, automaticamente se torna um trem. Qualquer trem. E se for pequeno? Um trenzim di náda. Ou um méquichãminha.

Se não sabe o nome do que precisa, diz logo: - Pég'alí aquêll méquichãma prá mim, mêu fí! E o camarada vai lá e pega. Exatamente o méquichãma necessário para se resolver o "trem"

Víu mé q'minêr'u num siapérta?

Cinemas

Posted on 05:41


Avatar, magnífica obra do diretor James Cameron, em três dimensões, anda fazendo milhões de dólares em bilheterias mundo afora, o que demonstra o quanto o cinema ainda fascina as pessoas. Desde os "primórdios", como diria o grande Louzi Bretas, sessentão gente fina, mineiro de Muriaé.

O problema é que as sucessivas crises havidas no país fizeram com que muitos cinemas -que existiam no interior - fossem adquiridos por igrejas e pastores (ávidos em fazer dinheiro em tempos de crise). De modo que algumas salas, como o Cine Teatro Isabel, de Pedra Azul, norte de Minas, simplesmente deixaram de existir.

Um luxo eram os cartazes pintados a mão, desenhados por artistas locais, cada qual mais fabuloso que o outro. Incluindo um, que resolveu incrementar as sessões por causa do baixo afluxo de espectadores: era a crise batendo fortemente por aqui. 

O que ele fez? Resolveu mudar o nome dos filmes! Assim, A Noviça Rebelde se transformou em A Biáta Increnquêra. Lotou a sala! Por conta daquele sucesso, Os Filhos do Silêncio tornou-se Us Minínn du Mudim...

Criatividade não lhe faltou em Perfume de Mulher, que denominou U Chêr'u da Cabôcla.

Um Peixe Chamado Wanda virou Um Lambarí Cum Nõmi di Gentch.

E o Fim dos Dias ficou eternamente conhecido por Nóz Tá É Lascádd!

Os cinemas das pequenas cidades não resistem aos apelos da fé desencontrada. Por sobrevivência migraram em definitivo para os xópscent's, que agora estão em toda parte.

E se perguntassem ao caboclo mudador de títulos como é que ficaria Avatar, ele não teria a menor dúvida: A Incarnação dus Bích'Azúl!

Jiló

Posted on 05:47


Ele veio da África, isso é quase uma certeza. No século XVII já se plantava por aqui, terra brasilis. O certo é que esta solanácea gostou do clima. E se adaptou perfeitamente ao gosto dos... passarinhos.

A turma, com a fome desesperada que tem, resolveu que, se passarim gosta, nóz pódj gostá tãmém, uai... Di módus qui gostou-se.

O jiló é uma fonte razoável de carboidratos e proteínas, além de fornecer vitaminas A, C e do complexo B e minerais como cálcio, fósforo e ferro. É considerado também um estimulante do metabolismo hepático e um regulador do sitema digestivo.

Frita-se, cozinha-se, assa-se (eu acho). E come-se, que é o mais importante. Amarga um tiquim mas, pelo menos, mata a fome.

O ano só começa de fato, em Minas Gerais, depois que o pessoal do Comida di Buteco decide o que será referência para este maravilhoso concurso. Esse ano é o jiló. Os passarinhos adoraram a ideia.


O pratarraz acima vem do pessoal do Aconchego da Floresta. Trata-se do Costelão do Tonhão, que a gente diz CustelãoduTõnhão. É costelinha de porco assada na brasa acompanhada de jiló frito.
...
O Aconchego da Floresta fica na Rua Alabastro, 38, Floresta, BH.

Palestra na Estácio

Posted on 09:42


Palestra? SIM!

Tudo muito agradável, com gente atenta e interessada, na qual o Jão falou sobre mim e de como foi meu processo de "fabricação": u trabaião qui dêu, sô!

E aí estão alguns estudantes de Jornalismo da Universidade Estácio de Sá, a profª Helô e o escritor João Victor, o Jão.

Foram duas horas de um ótimo papo.

...

Nossos (meus e os do Jão) agradecimentos à Maria Olímpia, à professora Heloísa e sua turma pela calorosa recepção e pela atenção que nos foram dispensadas. Obrigado, pessoal!

Cafubira

Posted on 09:28


Cafubira? Quem nunca sentiu uma me diga, por favor, porque deve ser um caboclo sem sentidos.

Sabe aquela desagradável sensação de ter atravessado u'a moita de cansanção? Não conhece cansanção?

Bom, deixe-me ver... cafubira... cafubira... que tal... chanha! Não? Iuçá! Também não? E... quipã?

Não? Vijj Mãe... Ah! Agora sim: uma coceirona das brabas! É isso! É que, em Minas, muita gente não se coça: tem uma cafubira dus diább!

Vem dos tempos paupérrimos em que o povo se deitava nas "esteiras de palha, olhando as estrelas", como diria minha amiga Heloísa Azevedo da Costa, em seu belíssimo trabalho sobre o  "Burgo da Mata". No caso, as pulgas deviam "comer" u fígg'duzindivídd...

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Ah, você gostou do u'a moita? É que a gente deve evitar os cacófatos, o som desagradável produzido pelos entrechoques silábicos.

A imagem vem do blog: http://minhagangue.wordpress.com/2009/02/15/coceira/

Vesperatas 2010

Posted on 13:41


Minas
é um mundo forasteiro
ensimesmado
encimado por graves montanhas
veredas e matacões

flores do campo e goiabeiras
queijo com doce de leite
beijo de amor secreto
repletos desejos plurais
de liberdades e emoções

Minas
é estado de graça
casas de cores terrosas
torresmo com cachaça
igrejas de ares barrocos
vesperatas ao luar

tudo são partes de coisas inteiras
porque
Minas é querer voltar
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Vesperata? Só no Arraial do Tijuco. O vilarejo setecentista foi o centro das atenções portuguesas por causa do grande volume de diamantes lá encontrados. 

O Arraial? Terra em que viveu Lobo de Mesquita, considerado um dos mais importantes músicos do século XVIII. Desde 1831 o arraial é conhecido por Diamantina. Terra de música, que parece impregnada em seu calçamento. Terra de Jótacá, o maior estadista brasileiro de todos os tempos (embora uns e outros barbudos por aí se achem "o cara"...).

As vesperatas fazem parte do calendário de Diamantina desde um tempo que se perde na memória. Depois a cidade passou a Patrimônio da Humanidade, e recomeçaram a maravilha. E é assim: o maestro no meio da rua e os músicos nas janelas, o povo passando. E ouvindo aquelas belezas todas...  

As esperadíssimas vesperatas de 2010 já estão no calendário oficial de festas mineiras.  Consulte o site oficial de Diamantina AQUI, para saber mais.
...


A fotografia veio do blog: http://nenaartesanatos.blogspot.com/2009/09/vesperata-em-diamantina.html

Ah, o poema. É do meu "pai", o Jão. Está no livro "Minas em Mim", do BDMG Cultural, 2005.
Maió ôrgúi dêll!

Fogão

Posted on 09:47


Quando gente se ajunta, aqui em Minas, o faz sempre na certeza de que haverá bebidas magistrais e insuperáveis tiragostos. Especialmente quando tal gente se junta em torno de um fogão (engraçado: depois que tiraram o hífen ficou assim, tiragosto, um negócio meio pastoso; preferíamos os "tira-gostos", cada qual mais interessante que o outro).

Com a fama de caladões que temos, para que soltemos a língua torna-se necessário molhar a palavra, daí a cachacinha da hora e aquela tira-gôstaiáda toda: as "guias", que servem para guiar o primeiro gole. E todos os outros que virão.

Mas comida boa, mas boa mesmo, é feita em fogão a lenha (há quem diga fugãodilenha, no que dá no mesmo).

Acender um fogão a lenha exige prática e persistência. É preciso fazer a cata dos gravetos certos, dos matinhos secos, riscunfósc'u, e depois vai-se ajeitando lenha mais taluda. Aquilo istrála sob a trempe que é uma beleza, transformando qualquer ambiente casmurro em local de algaravia incomparável. O fogo? Fica maciôzz, crepitando divagazim.

Aí a comida pode ser trabalhada nas devidas panelas: de barro, de ferro ou em tachos de cobre. De tudo se serve. O mais importante é aquele jênêcêquá que só um fogão a lenha é capaz de deixar nos tira-gostos. Desse modo a conversa come solta até azaltazóra - que não é o programa do Sergim Gróizmãn.

Até que apareça um morta-fome izgabiládd, que vem se empanturrar de tudo. Então, a gente fica apreciando o danado limpar o que houver de resto nas panelas, até o fundo, com um pãozinho francês e um sorriso matreiro na cara. Tudo muito mineiro, nêcêpá?
...

Homenagens "fogãozísticas":
1- Ao Caramujo, o maior acendedor de fugãodilenha que eu já vi, e dono do fogo "macioso" do texto...
2- Aos meus Louzi, Vera e Dani, pela inauguração de seu maravilhoso espaço gourmet em Lagoa Santa.
3- À minha doce Dê, que me deu mais um vocábulo, o isgabilado...
4- Jênêcêquá? Francês legítimo: je ne sais quoi. Sabe-se lá o quê...

Pêta

Posted on 05:52


Pêta? É lorota, trapaça, mentira, impostura, fraude. Peta mesmo, sem acento circunflexo. Só no Gerais é que acentuamos as palavras, marcando bem o que estamos dizendo. Besteiras nossas, "dicionarísticas"...

U Dia da Pêta? Dizem que começou na França. É  que o Ano Novo era festejado no dia 25 de Março - data da chegada da primavera por aquelas bandas francesas e setentrionais -, desde os começos do século XVI. A festança durava uma semana e terminava no dia 1º de abril.

Aí...

Aí resolveram adotar o calendário gregoriano. Corria o ano de 1564 e o rei Carlos IX da França determinou que o ano novo seria comemorado no dia 1º de janeiro. Práquê? Francês é um bicho tradicional dimáis da cõnta, sô! Di módus qui muitos franceses resistiram à mudança e continuaram a seguir o calendário antigo, dando a maior banana para o ano que começaria no dia 1º de abril.  Alguns gozadores passaram então a enviar presentes esquisitos e convites para festas que não existiam, ridicularizando os tradicionalistas. Essas brincadeiras ficaram conhecidas como plaisanteries.

E, como acontece com uma porção de besteiras, a coisa "pegou". Desde aquele tempo, no mundo inteiro, há sempre notícias inverídicas nesta data. Uma data bem popular, não é mesmo?

No Brasil, o 1º de abril começou a ser difundido em Minas Gerais, onde circulou "A Mentira", um jornalzinho lançado em 1º de abril de 1848, com a notícia do falecimento de Dom Pedro II, o que foi logo desmentido (Dom Pedro morreria no exílio em 1891). "A Mentira" saiu pela última vez em 14 de setembro de 1849, convocando todos os credores para um acerto de contas no dia 1º de abril do ano seguinte, dando como referência um local inexistente. Ói qui trem!

...

A fonte informativa foi a Wikipedia, que todo mundo deveria acessar. E depois conferir em outros lugares, para ver se estão escrevendo besteira por lá. Em geral, não estão.

Pinóquio? Cada vez que contava uma mentira, o nariz crescia... Valdisnêi (Walt Disney) criou Pinóquio a partir de um conto do italiano Carlo Collodi, e foi o segundo longa metragem produzido em seus estúdios.